sábado, 11 de junho de 2011

agressão e conforto

à noite. prefiro-me durante a noite: onde a luz não existe e não necessito de abrir os olhos para ver.
à noite. prefiro-me durante a noite, antes de adormecer. quando amanhece, quando acordo, já não sou eu.
à noite. continuo a preferir-me à noite. tenho febre. eu, sempre Eu.

tenho olhos de vidro e eles estão a partir com o tempo. os pedaços vão caindo e eu vou-me esgotando.

sou quase nula e a verdade de que me alimentava deixou de ser uma alternativa - envolveu-me, maldita seja; tornou-se vontade, carimbo nos meus gestos e nos meus actos. a razão despedaça-me e sinto-me agredida pelo meu pensamento que a ela se uniu e me deixou. todos me deixaram. é escandaloso como sou completamente sozinha, egoísta e infértil.

sou onde o tudo e o nada andam de mãos dadas e são felizes e é garantido que, efectivamente, não me mereço. o fingimento que por mim é provocado e que me coloca no papel de vítima seca-me a garganta. preciso de beber e estou (sempre) à procura dos restos. mas que merda é esta?

amanhece.

Sem comentários:

Enviar um comentário